quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Em estado de plenitude com a Turquia


Para encerrar a temporada das minhas aventuras, quero contar um pouco da minha identificação com a Turquia. Falarei da minha paz interior vivida neste País. Será uma magia que pode ser vivenciada por qualquer um ou uma particularidade sentida por mim? Vem comigo e quem sabe você se interessa em buscar essa paz em algum lugar desse mundão de Deus!

Como dizem por aí, viajar é trocar a roupa da alma! Literalmente eu acredito muito nisso! Viajar para mim é se renovar, é estar em paz e acima de tudo é um reencontro comigo mesmo. Falando especificamente de Istambul e Turquia de um modo geral, foi um verdadeiro e profundo reencontro. Foi amor à primeira vista! Tão bom que voltei algumas vezes e tive a oportunidade morar em Istambul por alguns meses.

A intensidade que eu vivi na Turquia foi algo mágico. Para os que acreditam em reencarnação, acho que já vivi neste País. E deve ter sido uma boa experiência, pois eu me sinto em casa e em paz quando estou lá. Coisa que também pode ser inversamente vivida, como a minha experiência no Egito, onde desisti de tudo e antecipei meu retorno ao Brasil, pois não me senti bem lá.


Foto 1: Eu navegando sobre as águas do Bósforo

Mas voltando para Turquia, só me vem um amor enorme como se fosse a minha pátria, segunda casa. Um lugar onde eu andava pelas ruas como se fosse uma menina, livre, leve e solta. Sem medo, sem preocupações e sem olhares críticos. Apenas seguia e admirava as “pequenas” coisas da vida. O vai e vem dos turcos, o trânsito tumultuado e caótico de Istambul, os carrinhos vendendo simit (rosca salgada coberta de gergelim) e castanhas em cada esquina, a linda e encantadora arquitetura das Mesquitas, os mercados, as pessoas fumando narguilés (e eu experimentei sem medo rsrs) e o mar, ah o estreito de bósforo, esse mar me fazia viajar literalmente. Apreciar um chá a beira do bósforo não tinha preço, eram momentos de pura gratidão por estar ali.


Foto 2: Eu e o Bósforo novamente

Sempre que eu falo dessa experiência e penso nos meus momentos sobre as águas do Bósforo, eu me emociono. Surge uma imensa gratidão por conhecer esse lugar, ou quem sabe, por estar de volta ao mesmo. Parece até mágico, mas até a minha beleza era diferente, me via mais bonita e mais sexy. Por que? Não sei! Mas o fato é que minha pele e meu cabelo estavam mais brilhantes. A expressão no meu rosto evidente nas fotos transparece esses sentimentos narrados aqui.

Foi em Istambul que os meus valores mudaram, foi a partir de lá que a minha visão se elevou em direção ao meu “EU”. Foi lá que eu aprendi a economizar (os turcos nos dão uma boa aula de negociação haha), vejo isso como uma valorização maior ao dinheiro, uma vez que por muitas vezes eu comprei coisas para não usar. Foi em Istambul que eu fiz grandes amizades, com uma brasileira em especial (minha irmã Sayuri) e turcos que moram meu coração. Foi em Istambul que eu vivi a minha maior virtude, a de valorizar a liberdade plena!

Lembrar da Turquia enche o meu coração de amor e gratidão, e claro, me leva a uma vontade enorme de voltar lá o mais breve possível. Como eu disse anteriormente, foi amor à primeira vista. Ou melhor, amor a longa vista. Que assim permaneça e assim seja!


Foto 3: Biblioteca de Celso em Éfeso

Espero em breve voltar aqui para contar um sonho a ser realizado na cidade de Ephesus. Ephesus ou Éfeso foi antiga cidade grega, na costa de Jônia, três quilômetros a sudoeste de Selçuk, atual província de Esmirna, Turquia. Foi construída no século X a.c. Éfeso foi integrada pela UNESCO na lista de Patrimônio da Humanidade. Lá está localizado o templo de Artêmis, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Entre muitos outros monumentos antigos estão também a Biblioteca de Celso e um teatro capaz de abrigar 25000 espectadores. 

Éfeso é um sonho! A energia que eu senti nesse lugar é algo inexplicável! Eu corria feito uma menina pelas ruínas que ali se deixavam por séculos e séculos. Era como estar vivendo as histórias gregas antigas (conhecidas por livros). E ali, diante daquelas ruínas e da última morada da Virgem Maria, situada nas proximidades, que eu disse para mim que voltaria para viver um sonho! Aguardem! Rsrs


Foto 4: A última morada da Virgem Maria



Foto 4: Ao fundo as ruínas da cidade de Éfeso

Bom, eu poderia me estender por muitas e muitas palavras para descrever esse amor pela Turquia, e falar um pouco mais das cidades que eu tive a oportunidade conhecer, mas fico por aqui e convido a todos a viverem uma experiência assim, com sincronicidade, seja onde for!

Até mais!


Pri Spencer

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Um lado mais tranquilo, porém, não menos encantador


A Torre da Donzela

Dessa vez vou levá-los ao lado asiático de Istambul, um lado mais calmo e com encantos muito particulares. Meu passeio favorito era essa travessia, do lado europeu para o asiático! Era um verdadeiro deleite me sentir sobre as águas do Bósforo. Esse mar me trazia uma paz interior incrível! Me fazia viajar literalmente. Muitas vezes eu fiz essa travessia, apenas para sentir a energia desse mar, não tinha nada para fazer do outro lado. Era puramente para curtir o mar e a magia de estar entre dois continentes praticamente no mesmo momento.

Para continuarmos esse passeio, sinto a necessidade de abrir um parêntese, para explicar o que é o Bósforo (İstanbul Boğazı em turco). É um estreito que liga o Mar Negro ao Mar de Mármara e marca o limite dos continentes asiáticos e europeu na Turquia. Tem um comprimento de aproximadamente 30 km e uma largura de 550m a 3000 m.

Bósforo (Foto by Priscylla Spencer)

Do lado europeu vamos até a estação de ferry boat em Kabatas, essa era a estação mais próxima de onde eu morava, em Findkli. Mas também gostava de ir até Eminonü, para quem acompanha meus artigos, falei desse local no primeiro deles, região onde fica localizado o Bazar de especiarias. Podemos fazer a travessia de ferry boat com duas opções de desembarque, na estação Kadiköy ou em Üsküdar. Neste passeio, vamos para Üskudar, ao encontro da Torre de Leandro. ;)

Atravessando o estreito do Bósforo durante alguns minutos chegamos a Üsküdar, bairro localizado na parte asiática de Istambul. Não é uma região muito turística, muitos moradores moram e trabalham ali. Mas em Üsküdar é possível ver o estreito de Bósforo desembocando no mar Mármara e ainda ter uma das visões mais lindas da Torre de Leandro ou Torre da Donzela.


Calçadão que rodeia o mar (Foto by Priscylla Spencer)

Caminhar no calçadão que rodeia o mar é um passeio muito comum entre os turcos e visitantes.

Gostoso mesmo é finalizar este passeio tomando um çay, sentada em uma das "arquibancadas" existentes ao redor do mar, com vista para a Ilhota que ocupa o estreito de Bósforo, ou melhor, para Torre de Leandro. É inexplicável o pôr do sol neste lugar! Melhor ainda se estiver acompanhado de seu namorado, ou de sua namorada :) pois o lugar é propício para um passeio romântico.


Arquibancadas com vista para ilhota (Foto by Priscylla Spencer)

Existem muitas lendas acerca da construção da Torre de Leandro, também conhecida como Torre da Donzela (em turco: Kiz Kulesi).
Uma das lendas turcas mais populares conta que um sultão tinha uma filha que adorava. Um dia, um oráculo profetizou que ela seria morta por uma cobra venenosa no seu 18º aniversário. Num esforço para evitar a perda prematura da filha, o sultão colocou-a longe da terra, para que ficasse longe de cobras, para o que mandou construir a torre, onde a visitava frequentemente. No 18º aniversário da princesa, o sultão levou um cesto de frutos exóticos como presente. Assim que a princesa se aproximou do cesto, foi mordida por uma áspide que se tinha escondido entre as frutas. A princesa acabou por morrer nos braços do seu desgostoso pai, que assim viu concretizada a profecia. Supostamente o nome de Torre da Donzela tem origem nesta lenda. (Fonte: Wikipédia)


Torre de Leandro (Foto by Priscylla Spencer)

O nome mais clássico de Torre de Leandro tem origem em outra história que também inclui uma donzela: o mito grego de Hero e Leandro. Heros(?) era uma jovem sacertodisa de Afrodite em Sestos, uma cidade grega à beira do Helesponto (estreito de Dardanelos). Leandro era um jovem de Abidos, a cidade do outro lado do estreito, que se apaixonou por Hero. Todas as noites Leandro atravessava o estreito a nado para se encontrar com a sua amada. Para o guiar no escuro, Hero acendia uma lanterna, que colocava no topo da torre onde vivia. Não resistindo à doce conversa de Leandro, que argumentava que Afrodite, como deusa do amor, iria desdenhar a adoração de uma virgem, Hero concordou em fazerem amor. 
Os amantes encontraram-se todas as noites de um verão quente, mas no inverno, numa noite de tempestade, as ondas arremessaram Leandro ao mar e o vento apagou a lanterna de Hero. Sem nada que o orientasse, Leandro perdeu-se no mar e acabou afogando-se. Desesperada pela morte de Leandro, Hero atirou-se da do cimo da torre.

Esta lenda também explicaria o nome de Torre da Donzela. Devido à semelhança física e proximidade geográfica dos Dardanelos com o Bósforo, a história de Leandro foi atribuída à torre do Bósforo pelos antigos gregos e posteriormente pelos bizantinos. (Fonte: Wikipédia)


Eu e minha amiga Sayuri aguardando nosso çay em Üskudar

Bom, após essa bela vista da Torre de Leandro, eu não poderia deixar de tomar aquele çay com a minha amiga e companheira de muitos passeios em Istambul. Aliás, modéstia à parte, eu que apresentei esse lado de Istambul a ela. Recém-chegada à Turquia do Japão, nos conhecemos através de um grupo de amigas brasileiras em Istambul, e logo nos encontramos para desfrutar juntas muitos lugares encantadores nesta cidade mágica. 

No próximo artigo iremos leva-los a Princess Island. Mais uma aventura sobre as águas do Bósforo! Aguardem!


Eu e a Torre em dia chuvoso (constatando as minhas diversas idas a este lado)

Até mais!

Pri Spencer

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Sentidos a mil em Istambul - PARTE II


Na primeira parte desse artigo, falei sobre a Basílica de Santa Sofia e a Mesquita Azul. Agora, chegou a vez de falarmos sobre o Palácio de Topkaki e da gastronomia turca.

Topkapı significa "porta do canhão". Foi construído por Mehmet II, o conquistador, logo após a conquista de Constantinopla, em 1453, e foi a residência dos sultões por três séculos. Atualmente o complexo amuralhado, que deve ser visitado em um dia inteiro, expõe armaduras, joias, tesouros, cerâmicas e trajes em uma secessão de cômodos com muito, mas muito ouro! E ainda tem um fio de barba do profeta Maomé, dentre suas relíquias sagradas, que também conta com um manto e espadas. Mas vá com tempo e prepare-se para as filas!

Palácio de Topkapi


Vale ainda lembrar que a visitação ao harém é um ingresso a parte, mais vale a pena. Trata-se de uma área privativa do palácio, onde em 300 quartos, o sultão vivia com a sua mãe, irmãos, filhos, esposas e concubinas. É inevitável a lembrança daqueles filmes onde o sultão aparece rodeado de mulheres...sem contar que a decoração é um espetáculo, luxuosa, trabalhada em tapetes, azulejos e vitrais, especialmente na sala do trono e nos aposentos íntimos.

Olhos e mente deslumbradas com tanta riqueza, chegou a hora de ser conquistada pelos sabores da cozinha turca. Uma mistura influenciada pelas cozinhas mediterrânea e asiática. Sultahmet apresenta-nos a muitos restaurantes onde podemos provar as autênticas kaftas de cordeiro, além das entradinhas típicas que antecedem qualquer refeição que se preze em Istambul.

Gastronomia é um tema recorrente em Istambul, e pode ser desbravada nas ruas, com o “onipresente” döner, conhecido como “churrasquinho grego”, paixão nacional. Ou até mesmo com o sanduiche de peixe, citado no post anterior na região de Eminonü.

Os restaurantes que beiram o Bósforo, além dos cardápios apetitosos, proporcionam vistas excepcionais. Com o menu exótico o Mikla, na cobertura do Marmara Pera Hotel, a mistura de ingredientes típicos com toques escandinavos, fazem do mesmo, um dos melhores de Istambul. Além das opções à la carte, a casa tem menu degustação de sete etapas, que muda de tempos em tempos, podendo incluir pratos como o pernil de cordeiro com iogurte e o contrafilé com humus de lentilha.

Não posso esquecer de comentar sobre um dos pratos mais icônicos, e essencialmente otomano: O testi kebab, uma espécie de cozido de cordeiro com tomates, batatas e cogumelos, feito na panela de barro (semelhante a uma jarra de barro), que é quebrada ao meio na própria mesa antes de servir o prato, como nos tempos dos sultões.

Testi kebab - esse garçon virou meu 'amigo'

Estou deixando vocês com água na boca? Mas ainda nem falei dos doces!!! Ahh o baklava, o künefe! Hummm! Alguns são tão doces, que possuem recheio de queijo (?) Aí sim fica no ponto certo! Caso você seja como eu, não goste de doce tãooo intenso. Como por exemplo o künefe, que a base é de cabelinho de anjo frito, com açúcar, recheado com queijo branco. Bem feito, é uma delícia!!!

O Baklava é um dos mais famosos doces turcos. Variam entre pistache e nozes. Os mais gostosos são molhadinhos e equilibrados no açúcar.

Variedades de doces turcos

Bom, o lado mais doce da culinária turca mereceria um capítulo à parte. Perfumados com frutas cítricas e especiarias, encharcados de calda ou cobertos com cremes maravilhosos, os diferentes tipos de doces turcos valem uma viagem e falam muito sobre a cultura do país. Mas, vou deixar vocês com gostinho de quero mais até o próximo texto, onde prometo comentar mais sobre a culinária turca.

Até mais!

Pri Spencer

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Sentidos a mil em Istambul


Sentidos a mil em Istambul – Parte 1

Belezas, riquezas e um pouco de gastronomia

É na região de Sultanahmet, também conhecida como Cidade Velha, que está o maior número de atrações históricas em Istambul. Saímos da Praça de Taksim (que mencionamos no último artigo), e estamos indo até a Praça de Sultanahmet. Na Praça, que já foi o Hipódromo de Constantinopla, estão dois dos mais significativos monumentos da cidade: A Basílica Santa Sofia e a Mesquita Azul, que se encaram frente a frente separadas por uma área ajardinada, a Praça de Sultahmet.

A Basílica de Santa Sofia, também conhecida como Hagia Sophia, é um imponente edifício construído entre 532 e 537 pelo império bizantino, para reafirmar o poder do cristianismo. Convertida em mesquita pelos otomanos, ganhou minaretes (as torres de onde os fiéis são convocados às orações) e elementos islâmicos que esconderam os mosaicos de cenas bíblicas. Em 1935, foi declarada museu, como forma de preservar, sem conflitos, sua importância para cristãos e muçulmanos. 


Basílica de Santa Sofia

Atualmente, nas paredes do templo, convivem harmonicamente lado a lado reproduções das antigas pinturas bizantinas, feitas à mão com as inscrições islâmicas. Oito Painéis trazem os nomes de Alá, Maomé e os quatro califas. Santa Sofia é uma síntese perfeita de onde se pode observar os efeitos bizantino e otomano sob sua enorme cúpula, literalmente seu ponto alto.



Cúpula da Basílica de Santa Sofia e quatro dos painéis citado acima

Vale ainda observar o Omphalion, que é um mosaico em placas de mármore, desenhado na parte central do chão, local onde aconteciam as coroações dos impérios bizantinos e onde se sentava o imperador durante as cerimônias da igreja.

Na basílica existe a chamada Coluna dos Desejos, situada entre dois pilares, que provocam aglomerações de turistas buscando fazer seus pedidos/desejos, circulando seu dedo em um buraco rodeado de placas de bronze. Dizem que quem enfia o dedo e gira no sentido horário, tem seus desejos realizados. Verdade ou não, eu também fiz meus pedidos, claro!


Eu fazendo meus pedidos na coluna dos desejos

E então, rivalizando em beleza com a Basílica, triunfando em harmonia e elegância, eis que surge a sua frente a Mesquita Azul, construída em um estilo clássico otomano, quase um milênio depois da basílica, a mando do Sultão Ahmet, que quis construir uma mesquita maior, mais imponente e mais bonita do que a Igreja de Santa Sofia.



Mesquita Azul (Foto by Priscylla Spencêr)

E assim a fez, com 6 minaretes, uma proeza praticamente insuperável àquela época. O seu magnífico exterior não faz sombra a seu suntuoso interior. Uma verdadeira sinfonia de belos mosaicos de Iznik, cidade famosa pela produção milenar de peças artesanais de cor azul – daí o nome da Mesquita.
Mais de 50 tipos de tulipas (flor símbolo da Turquia – por isso usei este símbolo na marca Pashmina’s Boutique – mais tarde, em outro artigo, falarei detalhes sobre a criação da Pashmina’s Boutique) são representados nos azulejos, enaltecidos pela luz natural que provém das janelas trabalhadas e dos candelabros dispostos em círculos. São também as flores que estampam o enorme tapete vermelho.

Mesmo com todo o apelo turístico, somente os mulçumanos podem ficar dentro da mesquita durante as cinco orações diárias. Além disso, não é permitido circular por ali com decotes, saias, bermudas, calças justas e cabeça descoberta. Se você estiver desprovida de um lenço para cobrir a cabeça, não se preocupe, lenços são distribuídos gratuitamente na entrada, bem como, sacos plásticos para os calçados. Também não se pode entrar com sapatos nas mesquitas.

Ali perto, quem reina em absoluto é o Palácio de Topkapi, às margens do Bósforo, mas sobre ele falaremos na segunda parte desse artigo. E tem gastronomia também! Hummm... Aguardem! ;)
Até mais!

Pri Spencer



terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Istambul e seus Encantos


Istambul e seus Encantos

Istambul: ela é diferente e foge à regra. A cidade que se divide entre o Ocidente e Oriente é um lugar que possui alma, movimento e se reinventa ao passar dos séculos. É um espetáculo em forma de palácios, mesquitas, costumes e tradições. Com muita história para contar, a antiga capital dos Impérios Romano e Otomano tem opções para todos os gostos. Embarca comigo nesta viagem?

Diante dos insistentes vendedores e negociadores turcos, difícil é sair de lá sem ao menos alguns lenços ou pashminas. A insistência deles arriscando algumas palavras em português e nos perguntando, ou melhor, quase afirmando que somos brasileiras é muitas vezes engraçado. E como eles sabem que somos brasileiras? Dizem que os brasileiros sorriem com os olhos, ou, que os brasileiros usam bolsas e roupas de grifes. Haha esses turcos são hilários! Mas é fácil saber quem somos, pois a quantidade de brasileiros que circulam pelos corredores do Grand Bazar não é pequena!



Foto 1: Bem-vindos ao Grand Bazar

Estou levando vocês ao Grand Bazar, o maior e provavelmente o mais antigo mercado coberto do mundo com aproximadamente 4 mil tendas. Desde cerâmicas, joias, roupas, tapetes, artigos para decoração e até deliciosos doces turcos, passear pelo Grand Bazar é uma diversão! Muitas vezes estive lá para conhecer melhor os lenços e pashminas, pois são muitas as tendas que vendem os mesmos produtos, mas é necessário pesquisar muito e pechinchar. Nunca compre nada pelo primeiro preço! Com um jeitinho conseguirá um bom desconto. Negociação é uma arte para os turcos. Impossível é você comprar algo sem negociar. Ah! E sem tomar um chá, o chay turco, pois é uma ofensa entrar e sair em umas dessas lojas sem tomar um chá. Sem esquecer de citar que, andar pelos inúmeros corredores do Grand Bazar sem se perder é uma missão quase impossível.

Istambul é fascinante e encantadora. A velha Constantinopla é uma riqueza histórica, exala perfumes, dos aromas dos narguilés, das castanhas assadas vendidas nos carrinhos em cada esquina aos famosos sanduíches de peixe vendidos nos restaurantes próximos a Torre de Galata e Bazar de especiarias, no bairro de Eminonü.



Foto 2: Vista ao fundo da Torre de Gálata - Eminonü

Única cidade do mundo entre dois continentes, o que provocou, durante séculos, a guerra de povos pela estratégica rota bélica e comercial, Istambul tem sua predominância mulçumana, herança dos otomanos, que dominaram a capital bizantina logo após a queda do Império Romano no oriente. Assim começaram “regimes” sultanescos, que só seria substituído pelo presidencialismo em 1922, pelo então militar Mustafa Kemal Atatürk, figura idolatrada em toda Turquia até os dias de hoje. Aliás, nunca mais irei esquecer esse nome, pois ao visitar a Turquia pela primeira vez, os guias falam tanto dele, de forma a fazer uma “lavagem cerebral” em nossa mente, e, claro, passamos também a adorá-lo.

Mesmo com todo seu contexto histórico preservado, Istambul é moderna, seja nas mulheres que já abriram mão dos lenços sobre a cabeça ou ainda nas badaladas noites no distrito de Beyoglu, bairro onde morei durante quase 4 meses. Ali está localizada a praça de Taksim, região central e multicultural de Istambul, considerada o coração da Istambul moderna. Famosa por suas lojas, restaurantes e hotéis, é o lugar onde todos expressam livremente sua felicidade, tristeza e visões diferentes, sobre diversos aspectos. Tem sido um local importante para os protestos políticos durante a maior parte de sua existência. Grupos de todos os lados do aspecto político, usufruem da visibilidade da praça como benefício de suas causas.




Foto 3: Monumento da República na Praça de Taksim (Foto by Priscylla Spencer)

Taksim é um destino popular para os turistas e a população nativa de Istambul. Milhares de pessoas caminham pela Istiklal Caddesi (Avenida da Independência), todos os dias e a todos os momentos. Essa longa rua comercial que termina no quadrado próximo ao túnel, funciona 24 horas por dia. Ao final, no túnel, está situado a segunda linha de metrô mais antigo do mundo, depois do metrô de Londres.


Foto 4: Grupo se apresentando na Istiklal Caddesi (Foto by Priscylla Spencer)

Costumo dizer que, observando Taksim e a Istiklal Caddesi, é possível se fazer um filme, um longa-metragem. É um lugar onde podemos ver novidades a todo momento. A moda turca, por exemplo, é muito bem representada neste pedaço da cidade. Mulheres e homens circulam seus mais diversos looks modernos. Em Taksim pouco se vê mulheres usando lenços na cabeça ou mais cobertas.

Na minha estadia em Istambul, eu adorava caminhar na Istiklal, entrar nas lojas, tomar um sorvete de pistache e, claro, tomar um chay com baklava, doce turco folheado com mel, pistache ou nozes.
Mas se você for fazer o mesmo, cuidado! Segure firme o seu sorvete, não! Não vão te roubar o sorvete, mas ele pode ser derrubado! O fluxo de pessoas é constante, e, no vai e vem, você pode acabar trombando com alguém...e lá se vai seu sorvete! Um pouco de exagero claro! ;)

O tráfego intenso de pessoas na Istiklal Caddesi, se mistura ao dos carros que atravessam as diversas ruas que cortam a avenida, e ainda ao bonde nostálgico que passa pelo meio da avenida de ponta a ponta (da Praça ao Túnel), buzinando para que os pedestres saiam da frente. Essa avenida é uma “loucura” boa, bondes, shows em datas especiais, grupos que se apresentam para ganhar alguns trocados, grupos que se reúnem na praça para fazer protestos...isso é um pouco e Taksim. Um lugar que eu adoro, e foi praticamente o quintal da minha casa em Istambul.



Foto 5: Bondes na Istiklal Caddesi (Foto by Priscylla Spencer)

Bom, se deixar eu fico escrevendo aqui sem parar, mas preciso deixar conteúdo para os próximos textos. Ainda tenho muito para compartilhar com vocês!

Finalizo esse pedacinho de viagem, com a certeza de que tudo em Istambul nos leva a uma viagem cultural, das construções milenares aos chamados para as orações, que acontecem 5 vezes por dia. Ao invés de estacionar no tempo, Istambul faz dos tesouros históricos um de seus estandartes para garantir lugar entre as metrópoles mais dinâmicas da Europa – em 2010, ocupou o posto de capital da cultura do Velho Continente, fazendo-se valer de suas mesquitas e palácios como atrativos.

Logo voltarei com mais sobre Istambul e Turquia. 

Segue comigo nesta viagem?





Priscylla Spencêr

Sou uma engenheira apaixonada pela cultura Turca. E fascinada com a arquitetura das Mesquitas e outros monumentos históricos espalhados por este País.